Blocos de rua, trio elétricos, bailinhos e até mesmo os sons colocados em carros pessoais. O Carnaval tem opções para todos os gostos, mas foliões, músicos e cantores expostos a sons de baterias, de alto-falantes, de instrumentos e até aqueles que não são adeptos à festa, precisam estar atentos, pois o barulho em excesso pode desencadear sequelas na audição.
Viviane Andrade, fonoaudióloga do Hospital Geral do Estado (HGE), esclareceu que, em geral, o recomendável é que a exposição a ruídos deve ser de no máximo 80 decibéis (db). Isso porque, “acima disso, pode ocorrer danos à saúde auditiva em ouvido médio ou ouvido interno, onde se localizam as células ciliadas, atuantes no processamento auditivo”, alertou.
Segundo ela, quanto maior a intensidade sonora ambiental, menor deve ser o tempo de exposição. “Não é recomendado longo tempo de exposição a um som muito alto. A norma regulamentadora para profissionais expostos a ruídos, por exemplo, diz que se deve respeitar o limite máximo de 85db por 8 horas consecutivas, e, mesmo nesta condição, é sugerido o uso de protetores auriculares”, recomendou a especialista.
Entre os danos causados decorrentes de longos períodos de exposição a som alto encontra-se perda auditiva, surdez e zumbido (sons/ruídos nos ouvidos quando não há fonte sonora externa, como som de campainha, sopro, rugido, zunido, assobio, sussurro ou chiado). Também é importante ficar atento à sensação de ouvido tampado, tontura, irritabilidade e dificuldade para ouvir (pedir para as pessoas repetirem o que acabaram de dizer, aumentar o som da televisão a ponto de incomodar aos que estão em volta, sensação de ouvir, mas não entender).
“A poluição sonora está presente diariamente em nossas vidas. Mas no período do Carnaval ela se intensifica. É importante que tentemos, ao máximo, cuidar de nossa saúde auditiva nessa época, através de pequenos, mas valiosos cuidados, como, por exemplo, não permanecer por muito tempo próximo as caixas acústicas; se for um trabalhador que opera esses sons ou precisa trabalhar próximo e por tempo prolongado nesses eventos de carnaval, deve-se utilizar protetor auricular”.
Viviane também orientou a não fazer competição sonora, gritando e conversando em grande intensidade vocal próximo de trios elétricos ou qualquer outro meio, “este comportamento pode prejudicar também a sua voz gerando rouquidão ou lesão em aparelho vocal”, advertiu.
A especialista sugeriu aos foliões se afastarem, por alguns momentos, dos carros de som ou qualquer lugar com som muito alto. “Atente para longos períodos de exposição a ruídos e também para a competição sonora, quando gritamos para ser ouvido durante conversas próximas a trios elétricos ou qualquer lugar com excesso de barulho”.
Ela explicou ainda que o uso de álcool mascara a sensibilidade em pregas vocais. “É muito comum após a ingestão de bebidas, o folião começar a elevar sua voz e não perceber que está gritando. Este comportamento pode provocar rouquidão ou até mesmo lesão em pregas vocais”, disse.
A fonoaudióloga acrescentou que, na rotina de vida, também é importante evitar locais barulhentos. “Faça uso de protetores auriculares em seu ambiente de trabalho diante de longa jornada exposto ao ruído, ouça suas músicas com fone de ouvido em intensidade moderada. E na presença de qualquer alteração auditiva ou vocal, como zumbido, dificuldade em ouvir, dor, procurar o médico otorrinolaringologista para investigação dos sintomas, assim como um fonoaudiólogo, quando necessário mais orientações sobre os cuidados necessários”, salientou.
Irritação – Além de prejudicar a audição, o som alto também causa irritação em algumas pessoas intolerantes ao barulho. A médica pediatra Ana Maria Torres Castro é uma destas pessoas. Ela contou que não é de fazer confusão com aqueles que gostam de escutar tudo acima da média, mas fica irritadíssima. “Sempre me incomodou. Tenho até uma perda auditiva já; mesmo em casa, o som da TV, às vezes, me chateia”, contou.
Texto de Neide Brandão