Encontro é fruto de uma parceria entre a Ordem e o Comitê da Memória, Verdade e Justiça de Alagoas e será aberto a toda a sociedade alagoana
Reafirmando o compromisso da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) com a democracia e a memória das vítimas da ditadura militar, nesta terça-feira (4), a Ordem irá sediar uma homenagem ao advogado e jornalista alagoano Jayme Miranda. O encontro será aberto a toda sociedade alagoana e acontecerá no auditório da OAB, às 19h.
Há 50 anos, no dia 4 de fevereiro de 1975, o advogado e jornalista alagoano Jayme Miranda foi sequestrado e assassinado no Rio de Janeiro, durante o período da ditadura militar. Para lembrar a sua luta e o seu legado, a OAB Alagoas, por meio da Comissão do Memorial da Advocacia e o Comitê da Memória, Verdade e Justiça de Alagoas irão proporcionar, de forma inédita, uma sessão de tributo ao militante, bem como a todas as vítimas desse período cruel da história brasileira.
Em uma noite histórica, o evento contará com uma homenagem ao advogado, destacando sua luta em defesa da democracia e dos direitos humanos, além de depoimentos de familiares de Jayme e militantes, bem como a exibição de vídeos sobre a vida do homenageado, seguidos de apresentações musicais e teatrais.
Para a conselheira e presidente da Comissão do Memorial da Advocacia, Elijanny Oliveira, a homenagem simboliza a importância de manter viva a memória em torno de Jayme Miranda. “A OAB Alagoas, através do nosso presidente e da Comissão do Memorial da Advocacia, vê este ato de homenagear o advogado Jayme Miranda, pelos serviços prestados como advogado na defesa incansável pelos direitos de liberdade de vários presos políticos, como um ato necessário e importante. Foi um profissional que teve coragem de enfrentar o regime ditatorial da época, fazendo jus ao seu papel como advogado”, explicou ela.
Elijanny cita ainda a relevância da participação da OAB Alagoas no evento. “O presidente da Ordem e a Comissão do Memorial da Advocacia, em conjunto, viram a necessidade de participar do encontro e homenagear o único advogado desaparecido no regime militar no país. Essa homenagem é inédita e nunca ocorreu pela OAB Alagoas”, frisou ela.
Já a advogada Olga Miranda, filha de Jayme e integrante do Comitê da Memória, Verdade e Justiça de Alagoas, cita a gratidão em poder realizar o encontro, este ano, na sede da OAB.
“Todos os anos a gente realiza o decênio do desaparecimento de Jayme Miranda. Este ano, especificamente, está sendo especial. Primeiro porque está sendo na OAB e ele era advogado. Ele, inclusive, foi preso e queriam impedir que ele colasse grau. Então é bem simbólico que a OAB Alagoas abrace essa causa. Até porque foi a OAB nacional que lutou pela redemocratização, junto de outros organismos, buscando informações dos presos políticos, então a OAB é nossa casa. Eu, como advogada, me sinto agradecida pelo presidente Vagner Paes abrir as portas da nossa casa para questões sociais, para tratar desse tema tão doloroso da nossa família. Então, esse dia de amanhã é muito simbólico pra gente, pois 50 anos é meio século, minha mãe, com 87 anos, ainda busca notícias. A lembrança desse passado é necessária, embora dolorosa, pois faz parte de uma luta. Uma luta contra a tortura no Brasil e no mundo.”, citou ela.