
Reportagem na Gazeta Esportiva de 1963
Se é uma coisa rara ser jogador internacional de juniors aos 14 anos, profissional aos 17 e convocado para a seleção aos 19, mais ainda é quando um atleta consegue se manter titular indiscutível de sua equipe aos 31 anos. Singular é, também, o fato de que esse atleta, só com sua presença em campo, fazer triplicar o numero de torcedores de um jogo de futebol. Pois o homem que conseguiu essa proeza única no futebol mundial se chama Stanley Mathews.
Seu nome ficará, para sempre, ligado ao futebol e a sua evolução no nosso século. Mathews ainda pode se considerar um caso raro de longevidade desportivo. Foi no dia primeiro de fevereiro de 1915 que ele nasceu na cidade de Stoke, Inglaterra pátria do futebol association. Começou no Stoke City, há precisamente 31 anos, único clube que defendeu. É um sentimental. Preferiu ficar no Stoke City a aceitar autênticas fortunas que clubes de outros paises lhe ofereciam. Com 41 anos de idade (1946), foi considerado o melhor jogador do futebol europeu. Seus dribles são ainda um condão pessoal, como os de Garrincha, por exemplo, e desenvolve-se com extraordinária sabedoria e juventude.
Há alguns meses, tendo Stanley Mathews 47 anos de idade, parte da imprensa inglesa ainda reclama a sua presença na ponta direita da seleção Inglesa para a Copa do Chile. Mas, sua popularidade na Grã Bretanha não se restringe num excessivo sentimental dos seus compatriotas. A sua causa reside na classe autêntica do jogador. A sua duração, em ligação íntima com a natural fantasia cerebral, astuto, original e totalmente diferente do tipo clássico do futebolista britânico. Sua personalidade se evidencia no campo de jogo. Stanley é um espetáculo completo quando atua desconcertando o público e os adversários. O primeiro delira com seus atos e, os segundos se irritam e ficam estendidos, freqüentemente, no chão, sem que ele os toque. O que os faz cair é a sua finta mágica, sempre com o toque do seu inigualável estilo. Outras vezes, os adversários nem se sequer se aproxima dele com receio de caírem no ridículo. Em tais momentos, o público sabe que algo de inesperado vai acontecer ao adversário que enfrenta Stanley que não espera, mas provoca a entrada. Ele avança em ziguezague, abrangendo, a golpe de vista, e o terreno á sua volta. O adversário fica sem saber o que fazer. Stanley pára, balança o corpo, pisa na bola e o marcador acaba deixado uma brecha. Então ele arranca, finta os adversários que aparecem e serve, de bandeja, o companheiro melhor colocado.
Stanley Mathews foi condecorado com a insígnia de Comendador do Império Britânico, mas toda a Grã-Bretanha protestou, pois queria mais distinção para este singular atleta. Desejavam a sua elevação para “Sir”. Aliás, há muito o chamam de Sir Stanley Mathews.
Fonte : www.museudosesportes.com.br