Dia do Poeta: Giovanna Lunetta compartilha sentimentos por meio da escrita

Em seu Instagram, jovem poetisa escreve, lê e declama poesias sobre diversos temas

De um brotinho nascendo no concreto ao cheiro da página de um livro novo, de uma sessão de cinema na sala com a mãe ao primeiro salário no trabalho. Tudo o que lhe dói, que coloca para pensar, sentir e querer dançar, é inspiração para que a poetisa Giovanna Lunetta escreva.

Em seu Instagram, onde divulga suas poesias, temas atemporais em sua vida, como ser filha adotiva, o longo processo de autorreconhecimento enquanto mulher negra, LGBTQIA+, origem, amor e luta, fazem sucesso e recebem diversas manifestações positivas dos leitores.

“Minha relação com a poesia é coisa essencial. Tenho um carinho gigantesco pelo ato literal da escrita também, de encostar a ponta do lápis no papel e, a partir desse encontro, do desenho das letras, ser capaz de dizer amor, angústia, luta, oração. É um negócio que vem de dentro para fora, mas que me afeta de fora para dentro também. As coisas todas, a vida toda é poesia. Poema é o que eu faço quando a vida me toca. E ela me toca todos os dias. Eu preciso escrever como a vida precisa tocar a gente”, conta.

E nessa relação essencial, a poetisa comenta que ser mulher negra e LGBTQIA+ no meio da poesia é um ato de resistência, um poder e honra imensa por carregar duas grandes bandeiras que representam tantas histórias, famílias e pessoas. Porém, ela cita que por vezes, é frustrante já que as pessoas presumem sobre o que você deve e pode escrever, e acabam limitando suas potencialidades.

“Nem todo mundo lhe recebe como você merece ser recebida, já que existem assuntos censurados, falar sobre carinho e amor é mais agradável do que cutucar a estrutura racista e LGBTQIA+ através de versos. Eu sei dessas realidades e já fui atravessada por elas por algumas vezes. Mas, eu me sinto forte e poderosa, ocupando e conquistando o espaço que eu e tantas e tantos merecem. Bato no peito porque sei do peso de tudo isso. Nós representamos a diversidade, a luta, o enfrentamento, o afeto e a coragem. E isso só está começando”, enfatiza.

Novas maneiras de se expressar

Em um mundo instantâneo, com o ‘boom’ do Instagram e dos Podcasts, a poesia de Giovanna Lunetta não ficou restrita apenas às palavras em um papel. Ela também faz vídeos declamando suas poesias. “Sinto que as pessoas se envolvem com a composição da imagem com a voz, o fundo sonoro, as expressões faciais enquanto eu recito. Mas também reconheço uma problemática bem comum dos tempos atuais: a instantaneidade do que se consome. Tudo rápido demais, são poucas as pessoas que se demoram em leituras, que voltam quando não conseguem captar a ideia de alguma frase. Os vídeos têm chamado mais a atenção do público leitor/consumidor”, comenta.

Ela também já participou do podcast ‘Vozes transeuntes’. Idealizado e desenvolvido por Lucélia Pontes, Raissa Xavier e Mariana Rodrigues, a ideia central dele é valorizar o feminino, exaltar e desaguar os recortes do ser feminino na poesia, no texto. De convidada, Giovanna recebeu o convite para se tornar anfitriã e conheceu grandes artistas do Brasil.

Direito x Poesia

Giovanna é estudante do curso de Direito do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) e cita que a poesia a ajuda a ter outra visão sobre o curso, pois nada é mais humano do que a poesia, e o Direito precisa versar sobre humanidade também, então, eles ‘conversam’.

“A verdade é que o Direito precisa de um olhar mais humanizado daqueles que trabalham com ele, senão não se aplica às necessidades sociais. Mas eu percebo como o meu senso crítico se potencializou no meio jurídico, seja observando o que eu considero injusto sobre a Justiça ou o que eu admiro na aplicação do Direito. Eu sei que a poesia, na minha atuação, vai ser um verdadeiro diferencial. Estamos lidando com pessoas, com garantias fundamentais, com conflitos. Precisamos de um olhar, um vocabulário e uma atuação mais sensível”, assinala.

Por Anna Sales – Algo Mais Consultoria e Assessoria

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