Celebrando a Resiliência e a Cultura Afro-Alagoana: 22 Anos de Legado do Cepa Quilombo
No último dia 05 de novembro, o Monumento ao Milênio Vergel do Lago, próximo ao campo do Cosmo, foi palco da 40ª edição do Lagoa Mundaú Aberta, um evento que reuniu fazedores de cultura de Alagoas em torno de um tema crucial: as favelas.
A iniciativa trouxe à tona a necessidade de um diálogo aprofundado sobre esses territórios, trazendo um papel importante no contexto cultural e político do estado.
Nesta edição, destacou-se a importância de conferir às comunidades das favelas um poder legislativo que reconheça sua relevância no fortalecimento desses espaços. A proposta envolve a construção de Projetos de Lei (PL) que não apenas assegurem seus direitos políticos, mas, sobretudo, civis e sociais.
Um exemplo é a sugestão de um PL que eterniza o Dia dos Povos das Favelas, registrando-os como sujeitos ativos e responsáveis pela construção do Brasil, especialmente de Alagoas. Essa iniciativa visa promover a cultura e suas manifestações em Maceió, consagrando-as como locais de resistência e consciência social.
É uma honra destacar a vitalidade e a resiliência das comunidades no Dia da Favela, especialmente nesta edição do Mundaú Lagoa Aberta. A Cufa Alagoas desempenhou um papel fundamental, e a presença inspiradora de Thayse Melo, uma das suas representantes, iluminou este debate, fortalecendo o diálogo e ampliando a visibilidade das questões que envolvem essas comunidades.
Dentro desse contexto de luta, destaca-se a trajetória de 22 anos do Cepa Quilombo, um espaço dedicado à preservação do território, da memória, da cultura e da ancestralidade no estado de Alagoas. Sua atuação se firma como um guardião ativo dos povos pretos e pretas em Maceió, promovendo a preservação e celebrando as raízes culturais.
O evento prestou uma merecida homenagem ao Cepa Quilombo, confirmando sua contribuição significativa à preservação e fortalecimento da cultura afro-alagoana. A celebração contou com a presença de diversos artistas e organizações, como Capoeira Engenho Velho, MC Roseane Santos, Atividade FASK/AL, Batuque Mundaú, Jessé Arte Divina, Ação Hemoal, além de importantes rodas de diálogo com representantes de organizações como CUFA AL, Sinbiblio, Massapê Corpo e Movimento, Dalmo Almeida, Instituto Vale do Sol e MLST AL.
Sirlene Gomes, representante do Massapê Corpo e Movimento e do CEPA Quilombo, ressalta a importância do debate e a representatividade do Dia da favela, dizendo que: “O movimento negro, o seguimento do movimento negro, sempre questiona a discussão do ser preto, do empoderamento, da culinária, da cultura, da música, de tudo que diz respeito ao povo preto no mês de consciência negra, em algumas datas específicas. Porque todo dia é dia de preto, todo dia é dia de favelado, e é no dia a dia da batalha na labuta que você vai construindo esse seu processo de estar no mundo. E quando a gente fala sobre ser negro, a gente compreende o quanto que esse negro ainda sofre o preconceito do racismo estrutural, o quanto que as políticas públicas, apesar de ter avançado bastante, ainda se encontram distantes daquilo que lhe é assegurado como direito. A gente compreende que muitos comemoram na perspectiva da vitória, da comemoração e não como um protesto. E o protesto, a discussão, ela precisa estar nessa base do questionamento, da reparação, da busca pela construção de uma sociedade onde todos podem ter esses direitos garantidos. E esses direitos é o direito à cidade, à educação, à moradia, à alimentação, a se sentir gente. E ele não vem se não tiver um processo de equidade, a reparação não vem através da igualdade. Porque a gente tem vários anos, mais de 115 anos de direitos universais, desde que o Brasil foi invadido e essa igualdade, ela não chega, ela é uma igualdade desigual. Então é preciso usar da equidade nesse processo da reparação. Então foi importante, é necessário, debates como esse precisam ser feitos em outros momentos, em outros locais, em outras comunidades, e nós saímos de lá fortalecidos em saber que a gente pode discutir essas questões. Os representantes das Cufas de alguns bairros de Maceó que estavam lá para discutir, para prestigiar, para fortalecer essa luta da companheira Thayse Melo que tem levado esse trabalho da Cufa”, finaliza.
Heloíza Romeiro, produtora cultural do Cultura Reggae Alagoas, ressalta a importância do debate desse tema, dizendo que: “Esta edição do Mundaú Lagoa Aberta trouxe uma temática relevante sobretudo para nós que trabalhamos com cultura periférica, celebrar o dia da Favela, reforça a importância de nosso trabalho e às necessidades de políticas públicas voltadas para as periferias”, finaliza.
Márcio Adriano, fundador do Sindicato de Bibliotecários de Alagoas, fala sobre a importância do Mundaú Lagoa Aberta e debate desta edição dizendo que: “o evento proporcionou um espaço de reflexão e troca de experiências sobre a importância dos fazedores de cultura e a preservação da memória dos territórios das favelas. Ficou evidente a relevância da periferia de Maceió e das cadeias produtivas na cultura afro-alagoana para a construção de uma sociedade mais inclusiva e consciente. Ao Cepa Quilombo, parabéns pelos seus 22 anos de dedicação e luta em prol da cultura afro-alagoana. Que sua trajetória continue a inspirar e fortalecer as comunidades e fazedores de cultura em Alagoas”, finaliza.
Texto produzido por Isadora Ulisses, estudante de Relações Públicas do Bureau de Comunicação Comunitária da UFAL, sob orientação da professora Manuela Callou e Coordenação geral de Keka Rabelo, em parceria do GT Movimento dos Povos das Lagoas, dentro do Projeto de emenda parlamentar Memória e Produção em Territórios Culturais/AL (Consciência Lunga e Mundaú Lagoa Aberta) – Realização Quintal Cultural, Quilombo Lunga, Movimento Povos das Lagoas, Termo de fomento n. 929345/2022 proposto pelo Gabinete do Deputado Paulão através da Secretaria de Diversidade Cultural – Ministério do Turismo e Ministério da Cultura.
—
KEKA RABELO
Produção e Articulação Cultural
Elaboração de Projetos
Assessoria de Comunicação
Alagoas Brasil
keka_rrpp@hotmail.com
55 82 9 9632 6584 (Tim)