Pedro era um torcedor fanático que chamava atenção de todos aqueles que iam ao mutange ou pajuçara para assistir aos jogos do Centro Sportivo Alagoano. Era tão incomum, que ele se tornou uma figura central nas partidas do CSA. Pedro “Doido” e seu guarda chuva na mão.
O Pedro era “doido” pelo clube do mutange e fazia dele uma religião, cujo santo se vestia de azul e branco e que tinha como altar um tapete de grama verde. Ele acompanhou de perto, passo a passo, quase toda a vida do CSA. Ria nas vitórias. Soluçava nas derrotas. Uma vida que teve milhares de paraísos, e que teve também centenas de infernos. Mas, paraíso ou inferno, o CSA era para Pedro apenas o clube do seu coração. Sempre amou o Centro Sportivo Alagoano e ninguém conseguiu ultrapassá-lo em bem querer as cores azulinas.
Em todas as conversas, o assunto era sempre o seu querido CSA. Jogasse contra Guarani ou CRB, lá estava Pedro com seu guarda chuva para levar seu aplauso e estimulo aos seus ídolos. Seu entusiasmo valia por uma legião inteira. Junto ao alambrado, ele acompanhava o ataque do CSA gritando palavras de incentivo. Quando as coisas não davam certo, Pedro socava seu guarda chuva no chão, mesmo correndo o risco do machucar o pé de algum outro torcedor que ficava ao seu lado.
Um dia, o coração azulino do Pedro parou. Saiu do ritmo da vida. E morreu sem levar uma bandeira do CSA que foi a razão de sua vida. Seguiu, sem nada, pela estrada que conduz à imortalidade aqueles que professam de todo coração uma religião chamada Centro Sportivo Alagoano.
Por Lauthenay Perdigão