Joaquim Cruz se consagrou com a conquista do primeiro ouro olímpico para o Brasil em provas de pista nos Jogos de Los Angeles-1984 e, após 25 anos do feito, passou de protagonista a testemunha ocular da história. Radicado nos Estados Unidos, ele segue trabalhando com atletismo, embora o objetivo não seja competição. O ídolo dos 800 m rasos agora se dedica a reabilitar soldados norte-americanos feridos através do esporte paraolímpico.
“Escuto muitas histórias do Iraque e do Afeganistão. Agora que eles mandaram mais soldados, a demanda é muito grande”, explicou Joaquim Cruz durante sua participação no Fórum Atletismo do Brasil, em São Paulo.
Com o recente anúncio de que os Estados Unidos aumentaram as tropas para finalizar a guerra do Afeganistão até 2011, o ex-atleta já até acertou a renovação de seu contrato de consultor do comitê paraolímpico norte-americano.
Cruz trabalhou por três anos no Centro Olímpico de Chula Vista, próximo a San Diego, na Califórnia, visando preparar atletas paraolímpicos para os Jogos de Pequim. Sua equipe voltou com quatro medalhas de ouro e, mesmo com o fim do trabalho, o comitê norte-americano quis continuar com ele.
Assim, ele foi prestar serviços para o Centro Médico da Marinha dos Estados Unidos. Lá, ele começou a trabalhar na formação de atletas paraolímpicos junto aos soldados que se recuperavam de ferimentos sofridos nos conflitos no Oriente Médio. “É um trabalho vinculado à fisioterapia”, explicou.
“Quando eles estão prontos para sair da fisioterapia, aí eu entro com a atividade física. É um trabalho também de motivação”, comentou. Cruz lembrou que, em 2008, o comitê paraolímpico norte-americano desenvolveu um projeto para trabalhar exclusivamente com militares em reabilitação.
“Havia clinicas para soldados feridos três vezes ao ano, e eles chegavam já falando em ir para as paraolimpíadas”, lembrou Joaquim, que agora já se acostumou a trabalhar com vítimas de guerra. Atualmente, sua missão é formar uma equipe de atletismo na Marinha para disputar os Warrior Games (Jogos dos Guerreiros), marcados para maio do ano que vem em Colorado Springs.
O ex-atleta lembrou que o trabalho com militares remonta às origens do esporte paraolímpico. Afinal, logo após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, o neurologista Ludwig Guttman organizou um torneio envolvendo 16 atletas veteranos de guerra que sofreram seqüelas durante o conflito, dando origem ao passou a se chamar de Jogos Paraolímpicos a partir de Roma-1960.