Direito passou a ser garantido por lei sancionada na última segunda-feira (5) pelo Ministério da Saúde
Alguns tratamentos de saúde resultam em longos períodos de internação clínica, levando o paciente a ficar longe da rotina e, principalmente da família, acarretando em solidão e incertezas. Esta foi a realidade vivenciada pela sertaneja de Delmiro Gouveia, Evandra Cruz, que, devido ao período de internação para tratar de uma mastite, ficou longe dos filhos por 14 dias.
Mas, graças a uma iniciativa pioneira do Hospital Regional do Alto Sertão (HRAS), ela pôde receber a visita dos filhos, Breno Cruz, de 13 anos; Eloá Cruz, de 10 anos; e Marília Cruz, de 2 anos.
Devido à mastite, processo inflamatório que atinge, mais frequentemente, pessoas em fase de amamentação e provoca inchaço, dor e vermelhidão na mama, Evandra Cruz teve que ficar internada para ser medicada. Sem esconder a emoção, a paciente agradeceu a equipe multiprofissional do HRAS pela mobilização para o encontro com os filhos.
“A equipe do HRAS se mobilizou para trazer meus filhos para que eu pudesse matar um pouco da saudade e estou muito grata! Espero que essa ação aconteça com mais famílias para que tenham um pouco do carinho dos familiares durante o período de internação. Mesmo passando por um período que não é fácil, poder vê-los me ajudou a ter forças para me recuperar”, salientou.
Evandra Cruz relatou ter sido a segunda vez que foi internada com o diagnóstico de mastite. Ela destacou, ainda, o atendimento multiprofissional que recebeu na unidade hospitalar.
“Já fiquei internada aqui no HRAS outra vez, devido à mastite, e agora voltei pelo mesmo motivo. Aqui no HRAS fui bem acolhida”, disse.
A psicóloga que acompanhou o caso, Danielly Padilha, ressaltou a importância dessas ações para a recuperação do paciente e para a evolução clínica.
“Fatores como estar longe de casa, dos familiares e da rotina podem contribuir para piora no quadro clínico dos pacientes. E quando o HRAS consegue ofertar uma resposta frente a uma demanda emocional do paciente, isso contribui efetivamente para o avanço da recuperação, pois precisamos lembrar que o sofrimento de uma pessoa em situação de internação abrange também o emocional”, pontuou.
Humanização
A Lei 14.950/2024, publicada no Diário Oficial da União em 5 de agosto de 2024, garante o direito de crianças e adolescentes visitarem pais ou mães internados em instituições de saúde. A norma altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/1990.
A visitação é uma das ações propostas pela Política Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS). Até então, para realizar tais visitas, crianças e adolescente deveriam ser acompanhadas pelos responsáveis em caso de internação. Com a mudança, prevista para ser implementada em seis meses, as visitas ocorrerão conforme as Normas Reguladoras de Saúde.
Para liberar a entrada dos menores, será necessário que as equipes multiprofissionais façam o devido acolhimento de acordo com cada caso, além de seguir protocolos clínicos para evitar infecções hospitalares.
Outro fator que deverá ser revisto, segundo o Ministério da Saúde, é a percepção de que o ambiente hospitalar é “impróprio, frio e hostil”. A presença de visitas e acompanhantes estimula a produção hormonal no paciente e diminui seu estado de alerta e ansiedade, segundo apontam estudos científicos.
A supervisora do Serviço Social do HRAS, Larissa Vila Nova, salientou que com a mudança na Lei nº 14.950, de 02 de agosto de 2024 que altera a lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a unidade hospitalar do Alto sertão já está em organização para o fluxo adequado de visitas em ambientes humanizados, garantindo o desenvolvimento social dos pequenos, e a melhora clínica dos pais.
“Sendo assim, está sendo alinhando o fluxo de assistência para a efetivação da lei. Garantindo o direito e o bem-estar tanto dos pacientes quanto de seus filhos e familiares durante o período de hospitalização”, enfatizou.
Ruana Padilha / Ascom Sesau