Histórias do Futebol : O vexame do Brasil em 1963

Antes do jogo contra a Holanda o zagueiro Mauro troca gentilezas com o capitão holandês observado pelo arbitro da partida.

Vexames em série. E uma grande vitória sobre a Alemanha. Foi o saldo da excursão que a seleção brasileira realizou a Europa, Egito e Israel em abril de 1963. Na delegação o técnico Aymoré Moreira e pelo menos doze jogadores campeões do mundo no ano anterior, no Chile: Gilmar. Djalma Santos. Mauro. Altair. Zito. Zequinha. Mengalvio. Coutinho. Amarildo. Pelé. Pepe e Zagallo.

A primeira derrota aconteceu logo na estréia: 1×0 para Portugal, em Lisboa. E a pior, em seguida, diante da então inexpressiva Bélgica. Na véspera, Aymoré Moreira ameaçou barrar Pelé. Ninguém deu bola. Aymoré cumpriu a promessa. A seleção pisou o gramado do estádio Heysel de Bruxelas com Amarildo posando com a 10. E o resultado da “ousadia” não poderia ter sido mais desastroso. A Bélgica venceu por 5×1.

Mas a troupe deveria seguir viagem. Próxima parada: Paris. O “France-Soir” fez uma apresentação realista do time de Aymoré Moreira, com base no jogo anterior. “O Brasil deixou a sensação de ser um bando de escoteiros desavisados, abandonados em pleno bosque sem guia”. Menos mal que Pelé voltou ao time para marcar os três gols na vitória de 3×2 sobre a França. Um novo vexame estava no caminho: derrota de 2×0 para o Racing de Paris.

Após tanta desgraça, o chefe da delegação, Mendonça Falcão, que já havia lamentado o tropeço diante dos “belgicanos”, sentenciou: “Vamos ganhar da Iolanda”. Pelé machucado, só foi escalado por exigência de contrato. Saiu aos 28 minutos de jogo. E a Holanda ganhou de 1×0. As vitórias de 1×0 sobre o PSV Eindhoven e de 2×1 sobre a Alemanha aliviaram a tensão. E o empate de 1×1 com a Inglaterra, em Wembley não foi tão mau assim, levando-se em conta que Pelé sofrera um acidente de carro em Hamburgo e, machucado, não pôde jogar. Mas a goleada de 3×0 para a Itália, em Milão, com Pelé e tudo, voltou a sujar a honra dos bi campeões. As vitórias de 1×0 sobre o Egito, de 5×0 sobre Israel e de 3×0 sobre um combinado de Berlim ajudaram a disfarçar. Mas a excursão, de todo modo, foi um grande desastre.

O saldo de 12 jogos, com de seis vitórias, cinco derrotas e um empate com 17 gols pró e 16 contra. O time do maior vexame de 5×1 contra a Bélgica formou com Gilmar. Djalma Santos. Mauro. Cláudio e Altair. Zito e Mengalvio. Dorval. Quarentinha. Amarildo e Zagallo.

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