Além de fazer a cobertura diária do CRB, o repórter Antonio Avelar tornou-se amigo do lateral Valdir Espinosa. Um dia, entre uma garrafada e outro na Macarronada do Edson ouvi o jogador prometer que ainda iria dar um abraço no Avelar atrás da trave após marcar um gol para o CRB.
Espinosa não era muito de fazer gol, mas por vias das duvidas – seguro morreu de velho – Avelar deixou de assistir aos jogos do CRB atrás da trave, ao meu lado enquanto eu fazia informações de fundo de gol. Avelar passara a ficar no banco, junto ao técnico e dirigentes do galo.
Um dia, no clássico contra o CSA, Espinosa entrou em campo animado, saltitante e me perguntou pelo Avelar. Mostrei o banco e Espinosa fez um sinal para ele vir até o gramado.
– Vai ser hoje, com o Trapichão lotado. Vou fazer o gol e ao invés de correr para a massa vou até o você e lhe dou um abraço.
– Nem se abra – limitou-se a dizer o Avelar, pouco acreditando no tal gol.
Segundo tempo, Espinosa aventurou-se dentro da área, recebeu de Djair, deu um lençol num zagueiro e manda firme para dentro da meta do CSA. Espinosa levanta os braços, dá meia volta, aponta para Avelar de longe e corre para o banco.
Avelar nem esperou para contar a historia. Nunca ninguém lhe viu com tanta agilidade ao correr escada abaixo e desaparecer no túnel.
Por Waldemir Rodrigues