Como uma mudança de rumo levou Carla Letícia Torres, que cursava Administração, ao curso de Medicina
Carla Letícia Torres, estudante do 8º período de Medicina na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), será a segunda médica de sua família e uma verdadeira inspiração para quem está em dúvida sobre a sua trajetória acadêmica. Natural de Maceió e anteriormente matriculada em Administração em outra instituição de ensino superior, Carla tomou a corajosa decisão de mudar de rumo após enfrentar desafios e reflexões pessoais. Ela compartilha sua jornada de uma escolha inicial voltada para negócios internacionais a uma vocação voltada para a Medicina, revelando os obstáculos e aprendizados que marcaram sua transição. Confira a entrevista para conhecer mais sobre sua inspiradora história, neste Dia do Estudante (11).
Qual foi o principal motivo que te levou a escolher Administração inicialmente?
Eu sempre sonhei em estudar e morar fora, especialmente na Europa. Como falava apenas inglês e era uma imigrante potencial, percebi que o curso mais viável para atuar no exterior seria International Business. Descobri que, na Alemanha, eu precisaria fazer um ano de faculdade no Brasil para obter equivalência do diploma. Então, escolhi Administração com a intenção de transferir para a área de negócios internacionais.
Houve um momento específico que te fez perceber que queria mudar para Medicina?
Durante um intercâmbio na Suíça, eu vi de perto as dificuldades e preconceitos enfrentados por imigrantes. Isso me fez repensar meus planos de estudar fora. Quando voltei ao Brasil e comecei a Administração, percebi que não me identificava com o curso. A perda de uma sobrinha devido a um erro médico e experiências negativas com profissionais de saúde me fizeram sentir que eu poderia fazer a diferença na Medicina, mesmo sem um sonho de infância. Acreditei que poderia ser uma profissional mais atenciosa com os pacientes.
Como foi o processo de preparação para o vestibular de Medicina após ter trancado o curso de Administração?
Tentei não trancar o curso de Administração, mas acabei fazendo isso para me dedicar ao vestibular de Medicina. Inicialmente, fazia faculdade pela manhã, estagiava à tarde e frequentava um cursinho à noite, mas não consegui manter a rotina. Tranquei a faculdade e fiquei apenas com o cursinho, mas não estava comprometida. No ano seguinte, com a pandemia, estudei em casa, criando uma rotina de resolver questões e fazer simulados. A prova foi adiada para janeiro e, no final, eu me dediquei aos simulados e passei o restante do tempo lendo e passando tempo com a família.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou durante essa transição?
O maior desafio foi assumir a responsabilidade pela minha própria trajetória. Embora tenha recebido muito apoio, percebi que precisava tomar as rédeas da minha vida. A pandemia trouxe um choque de realidade, mostrando que eu precisava aproveitar as oportunidades e me mover em direção ao meu objetivo.
Como você se sentiu quando viu que havia passado no vestibular de Medicina?
Foi um momento de grande emoção, especialmente porque o resultado saiu no dia do meu aniversário. Havia uma mistura de nervosismo e felicidade. Estava na lista das duas universidades e, no final, a Uncisal foi a minha escolha. Senti que finalmente estava no lugar certo e me alegrei por ter passado em 4º lugar na Uncisal.
Como foi a sua adaptação nos primeiros anos do curso de Medicina?
A adaptação foi desafiadora devido às aulas online durante a pandemia. No entanto, minha turma foi fundamental; estudávamos juntos via Google Meet e nos ajudávamos nas matérias, o que facilitou muito o processo.
Qual foi a reação da sua família e amigos ao saberem da sua decisão de mudar de curso?
Minha família me apoiou completamente, perguntando apenas o que eu precisava para seguir em frente. Os amigos da Administração também foram compreensivos e até disseram que eu “tinha cara de médica”. Uma colega de Administração também decidiu seguir Medicina, e em breve seremos colegas de profissão.
Você sente que a experiência em Administração contribuiu de alguma forma para sua formação em Medicina?
Sim, a experiência em Administração e o processo de vestibular me ajudaram a chegar à Medicina mais madura e preparada para lidar com os desafios do curso. Vou sentir falta dos conhecimentos administrativos quando me formar e precisar lidar com questões burocráticas.
O que você diria para quem está atualmente insatisfeito com sua área de estudo e considerando uma mudança?
É importante seguir o caminho que faz sentido para você. Se você está insatisfeito, não tenha medo de mudar. Aprendi com meus pais que nosso tempo é quando decidimos vivê-lo, e é possível encontrar satisfação e sucesso ao seguir a verdadeira paixão.
Existe algum momento ou conquista específica durante o curso de Medicina que te fez perceber que fez a escolha certa?
No 3º ano, durante um estágio em neonatologia, percebi que estava fazendo a diferença na vida das pessoas. Agradecimentos de uma família pela atenção que dei ao atendimento de um recém-nascido mostraram que eu estava cumprindo a promessa de ser atenciosa e dedicada.
Como você se sente ao ver o Dia do Estudante se aproximando, refletindo sobre sua jornada acadêmica até agora?
Estou muito feliz com a minha trajetória. Encontrei meu lugar na Uncisal e na Medicina, e cada desafio e conquista me trouxe até aqui. Tenho uma história para contar e sou grata por isso.
Danielle Cândido / Ascom Uncisal