Angela RoRo dia 28 no Sesc Poço

Angela RoRo

Quem se apresenta em Maceió no próximo dia 28 é a cantora e compositora mais controversa da MPB, a carioca Angela RoRo. Ela que foi moda nos anos 80 e a primeira cantora brasileira a vender mais de 60 mil discos já no primeiro LP, faz show no Sesc Poço, a partir das 21h, dentro do projeto MPB Brasil Anos 80.

Na verdade, Angela abre o projeto que trará uma série de cantores que fizeram grande sucesso naquela década. Foi pra ela que Cazuza compôs “Malandragem”, que ficou famosa na voz de Cassia Eller pois RoRo não se sentiu à vontade para cantar a música na época. Mas hoje todo mundo cobra que ela cante a música de seu amigo-fã Cazuza e ela tem dado uma versão personalíssima da música em seus shows. No show Ro Ro canta seus maiores sucessos como Amor Meu Grande Amor, Fogueira e músicas de seu novo CD Compasso. A apresentação de abertura fica por conta de Michelineencanta & Banda.

Famosa desde 79 quando emplacou, já no seu ano de estréia, o hit Amor Meu Grande Amor, Ângela vem divulgar seu CD e DVD ao Vivo, gravados no Circo Voador, com participações especiais de Luis Melodia, Alcione e Frejat. Após um longo período tecido por hiatos profissionais, que marcaram sua carreira nos anos 90, RoRo reiventou-se: emagreceu 67 quilos, mudou a alimentação, parou de beber e de fumar e voltou com força total a dar sistemática ao seu trabalho. Após permanecer por mais de um ano no Canal Brasil com seu programa Escândalo, entrevistando e recebendo artistas para cantar e contar suas estórias, RoRo assinou contrato com a Indie Records que lançou esses seus dois novos trabalhos.

Gravada por grandes nomes da MPB como Maria Bethania, Ney Matogrosso, Frenéticas, Marina Lima, Tony Platão, Barão Vermelho, Simone e Zélia Duncan, RoRo tem participado de songbooks de diversos artistas importantes como Djavan, Vinícius de Moraes e Gilberto Gil. Recentemente fez uma participação num CD que teve Zeca Baleiro musicando textos da escritora Hilda Hilst.

Ao surgir na MPB RoRo encheu os olhos da gravadora Polygran que viu nela um bom produto para gerar sucessos e bons rendimentos. Mas Ângela sempre foi mais ela. Nunca se rendeu às pressões das gravadoras e só gravou o que quis. Uma vez Elis Regina falou: ” Essas mulheres todas, com exceção da Ângela Rô Rô, estão servindo a este sistema feudal das gravadoras, fazendo o que um amigo meu chama de neo-pseudo-erotismo”.

Roro passou por tudo que um artista, como ela mesma diz, “respirando liberdade por igual”, em sua música Agito e Uso, pode passar. Logo no início dos anos 80, no fim de sua relação com Zizi Possi, rolou uma briga rumorosa que levou às duas à delegacia e as colocou nas páginas tanto das revistas e jornais de credibilidade bem como nas revistas de fofoca e folhetins marrons, que sobrevivem de escândalos. Aliás, é dessa época a música feita por Caetano Veloso para ela, Escândalo, que deu título ao seu terceiro disco e ao seu programa na TV a Cabo.

Mas RoRo está acima disso tudo. Apesar de ter uma veia debochada e sarcástica para compor versos escrachados, como em Fraca e Abusada: “”Eu nem preciso jogar praga de madrinha/ Pra saber que brevemente/ estarás mal e sozinha”; é capaz de cobrar da humanidade um amor maior pelo planeta: “Ah, porque liquidar a Terra/ se ela é a mãe que a tudo encerra/ Ah, porque não parar agora/ e mandar todo o mal embora…”

RoRo foi a primeira cantora brasileira a assumir publicamente, tanto em seus versos quanto em suas entrevistas, sua homossexualidade, mas com naturalidade e paixão. Certa vez, deixou Cidinha Campos, que a entrevistava, falando sozinha; largou a entrevista no meio porque Cidinha tentou constranger RoRo explicitado detalhes de suas relações conturbadas, e que está no YouTube. Uma das comunidades de RoRo no Orkut tem mais de quatro mil membros, que acompanham passo a passo sua carreira e estão ansiosos para saber como vai ser o show de Maceió.

Louca, selvagem, agressiva, romântica, roqueira, brigona, blueseira de voz branca são alguns dos adjetivos que Ângela angariou ao longo de sua carreira.  Mas o certo é que Angela ultrapassou todos os estigmas sem se render a um sistema social que ela considera falido, ou pelo menos, desigual e cheio de defeitos. É uma sobrevivente dos loucos anos 70, a voz que se alevantou e criticou severamente a truculência da polícia carioca nos anos 80; esteve nos anos 90 trabalhando à margem do processo fonográfico – embora tenha gravado um cd ao vivo pela Som Livre à convite de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza. Uma das maiores compositoras da MPB.

Angela RoRo vai chegando ao fim de 2009 cheia de projetos e novas canções que devem constar nos próximos cds e/ou DVDs de Maria Bethânia e Ana Carolina. Foi citada por Cazuza no encarte de seu primeiro disco solo, o Exagerado, após largar o Barão Vermelho: “Esse disco é dedicado a Ângela RoRo a quem, humildemente, tento imitar”. Angela por ela mesma: ” – A vida de Rimbaud foi a do Pato Donald comparada com a minha”. Imperdível esse show.

 

Serviço:

Projeto MPB Brasil Anos 80

Show: Angela RoRo

Local: Sesc Poço

Data: 28 novembro 2009

Show Abertura: Michelineencanta & banda

Início: 21h

Mesas e ingressos: Estande Viva Alagoas, no Maceió Shopping (antigo Iguatemi)

Informações: 3033 5539

 

 

 

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