Como navegar pela rede sem deixar rastro

Truques para preservar ao máximo a privacidade em nossas atividades na internet

JOSÉ MENDIOLA ZURIARRAIN

El País Brasil

É uma sensação estranha: alguém faz uma busca de um determinado produto e, de repente, todos os anúncios que aparecem no navegador são relacionados a ele. O exemplo mais radical talvez seja da Amazon, cujo negócio se baseia fundamentalmente em sugerir produtos que possam interessar seus clientes e dessa maneira aumentar as chances de compra. Fica, de todo modo, uma estranha sensação de ser permanentemente observado – e é isso mesmo. Toda a atividade na rede fica registrada graças aos cookies e ao histórico de navegação e pode ser conhecida por qualquer um que tenha acesso aos dados. Os desenvolvedores levaram isso em consideração e criaram o chamado “modo privado”, também apelidado de “modo pornô”.

O conceito é dar ao usuário a opção de poder navegar livremente em qualquer computador sem deixar rastros, mas, como veremos adiante, não é exatamente assim.

Como funcionam os “modos privados” e por que podemos querer ativá-los temporariamente? É padrão dos navegadores coletar os famosos cookies e armazenar o histórico de navegação conforme visitamos diferentes sites; isso, que pode ser visto como clara intromissão na privacidade do usuário, na verdade facilita muito as coisas para ele. Ter que iniciar a sessão nas páginas que visitamos com mais frequência a cada vez que ligamos o computador pode ser um pesadelo e, por isso, deixar “rastros” pode vir a calhar para o usuário. Só que nem sempre.

Dependendo do computador que está sendo usado ou do conteúdo visitado (sim, daí deriva o “modo pornô”) pode ser interessante para o usuário não deixar rastros do que aconteceu. Esse modo faz exatamente isso: não permite que sobre nenhum traço do que aconteceu no navegador enquanto a sessão esteve ativa.

Como usar o recurso? O Chrome, navegador do Google, oferece essa opção no menu superior, identificada como “Nova janela anônima”. No Firefox a ativação é muito parecida: é possível iniciar uma sessão privada na parte superior direita, e os usuários do Safari podem apelar ao recurso no menu Arquivo.

Está bem, mas até que ponto é privada essa sessão de navegação? Tanto Google quanto Firefox explicam em seus respectivos sites que estes modos somente evitam o armazenamento de cookies e do histórico de navegação. Ou seja, se outra pessoa abrir o mesmo navegador após uma sessão privada, não saberá o que ocorreu nela, mas essa informação ficará armazenada nos servidores da empresa que fornece acesso à internet, nas próprias páginas visitadas e, como aponta o Google, na empresa para a qual o usuário trabalha, se

a navegação for feita num computador corporativo.

Como então conseguir navegar de modo totalmente anônimo? A verdade é ninguém se atreve a assegurar um uso completamente privado da internet, mas é possível elevar o nível de privacidade empregando serviços VPN, que codificam o conteúdo que sai do computador, e, claro, usar os modos privados caso utilizemos computadores aos quais outras pessoas tenham acesso. A Apple vai além e sugere que, para não deixar rastros, é preciso não esquecer de apagar manualmente o histórico de navegação e os cookies.

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