Chá de Memória leva ao público discussão sobre os 108 anos do Quebra de Xangô

Com o tema “Religiosidade Africana – o Quebra de Xangô”, o Arquivo Público de Alagoas (APA) – órgão vinculado ao Gabinete Civil – abre o ano com a 40ª edição do mais tradicional chá cultural do Estado e uma programação pra lá de especial.O primeiro Chá de Memória de 2020 será realizado no próximo dia 18, às 19 horas, na sede do APA, no histórico bairro Jaraguá, e traz um “time” de intelectuais, do movimento negro alagoano e de religiosos de matriz africana, para levar ao público os fatos ocorridos há 108 anos sobre um dos mais emblemáticos episódios da história do Estado que ficou conhecido como “O Quebra de 1912″.

O primeiro Chá de Memória de 2020 será realizado no próximo dia 18, às 19 horas, na sede do APA, no histórico bairro Jaraguá, e traz um “time” de intelectuais, do movimento negro alagoano e de religiosos de matriz africana, para levar ao público os fatos ocorridos há 108 anos sobre um dos mais emblemáticos episódios da história do Estado que ficou conhecido como “O Quebra de 1912″.

O movimento foi organizado por integrantes da Liga dos Republicanos Combatentes em Maceió e responsável pelo pior caso de violência e intolerância religiosa contra terreiros e praticantes de crenças de matriz africana de que já se teve notícia no Brasil.

No último dia 1º de fevereiro, Alagoas lembrou os 108 anos deste episódio, praticado pela associação civil miliciana, liderada pelo sargento Manoel Luiz da Paz, que contou ainda com apoio popular para derrubar com fúria os terreiros da capital alagoana.

O fato teve conotação ainda de preconceito de cor contra os negros alagoanos e abuso de autoridade, figurando, segundo os historiadores, como um dos piores casos de discriminação explícita ocorrida no país.

“Também denominado como Operação Xangô, o movimento tinha com um viés o componente político que objetivava a queda do então governador do Estado, Euclides Malta, que já administrava Alagoas por 12 anos ininterruptos”, lembra o médico, doutor, mestre em Cirurgia Plástica, Fernando Antônio Gomes, autor do livro “Legba – A Guerra contra o Xangô em 1912” e um dos palestrantes do próximo Chá.

Quem ainda faz parte do “time” de debatedores do evento é o professor e historiador aposentado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), militante do movimento negro e um dos fundadores do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), Zezito de Araújo, que será o mediador do evento, além de a participação do professor Jeferson Santos, do Instituto do Negro de Alagoas (Ineg-AL).

Outra atração no Chá será a de Mãe Miriam, a Ialorixá mais antiga do Estado, que levará a reflexão da cultura Afro-brasileira no combate à intolerância religiosa e à violência contra os grupos religiosos de matriz africana.

A historiadora Irineia Franco também participará do Chá e destaca que o público pode esperar nos debates. “Vamos contextualizar o episódio de 1912 com as mais recentes ondas de ataques de intolerância religiosa aqui em Alagoas contra aqueles que praticam sua fé”, adianta Irineia.

Para a professora, não raro, a reboque do que significou o Quebra para a história, esse episódio sempre que lembrado suscita os mais diversos questionamentos que pululam o universo imaginário e o inconsciente das pessoas que dão prosseguimento às crenças religiosas de matriz africana e até mesmo dos historiadores que ouviram relatos dos contemporâneos do episódio.

Outra debatedora será a também professora da Ufal Raquel Rocha.

O APA fornecerá certificados de participação do evento, que é gratuito e aberto ao público. A sede do órgão fica defronte do Cais do Porto de Maceió, no bairro de Jaraguá.

Projeto para crianças também ocorrerá no dia do Chá

A superintendente do APA, Wilma Nóbrega, anuncia que, além da volta do tradicional Chá de Memória, haverá mais uma edição do Projeto Suquinho de Memória (referência ao Chá na versão infantil) – uma iniciativa para atrair as crianças, com brincadeiras, jogos e apresentações culturais.

“O objetivo é promover no público infantil o conhecimento e a valorização de sua herança cultural, social e histórica, além de fortalecer os sentimentos de identidade e cidadania para crianças entre 3 e 12 anos de idade”, explica.

“Nesta edição, o Suquinho será sobre o carnaval, com o tema ‘Mamãe Eu quero’, marchinha do alagoano Jararaca”, completa Wilma.

O projeto Suquinho de Memória tem parceria com o grupo de pesquisa Representações do Lugar (Relu), do curso de Arquitetura da Universidade Federal de Alagoas, que subsidia o material educativo usado pelas crianças, e conta com apoio também do Programa Criança Alagoana (Cria), do Governo do Estado.

As escolas interessadas em promover o Suquinho de Memória para seus alunos podem entrar em contato agendando sua visita através do e-mail alarquivopublico@gmail.com ou ligar para 3315-7978 ou 98801 3509.

 

 

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