Centro de Belas Artes transforma vida de jovens e idosos

Oferecendo cursos e oficinas que passeiam pelas vertentes da cultura alagoana, Cenarte muda o dia a dia de alunos

Texto de Júlya Rocha

“Era uma casa muito engraçada…” não é necessário parafrasear o resto da composição de Vinícius de Morares para começar a imaginar ‘A Casa’ que muita gente já viu e imaginou ao escutá-lo cantar.

 

Ao contrário da canção, O Centro de Belas Artes de Maceió, onde a arte faz morada, tem teto, paredes e corredores que abrigam, durante algumas horas dos dias, muito mais que pessoas: abrigam histórias.

Fundado em 1982, O Cenarte, equipamento da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), funciona como grande apoio de fomento à cultura em Alagoas. Para a titular da pasta, Mellina Freitas, o principal objetivo do equipamento é fortalecer a cultura popular do Estado às gerações futuras.

 

“Formamos pessoas apaixonadas pela cultura e arte de Alagoas, que aqui são abordadas nas suas mais variadas vertentes. Podemos, assim, ultrapassar barreiras”, ressaltou a secretária.

 

De aulas de informática ao balé, pessoas de todas as idades têm ali uma oportunidade de aprender, de mudar a realidade e fazer acontecer um encontro de gerações. E por falar em gerações, o pessoal da terceira idade dá um show de determinação.

Acacy Silva, 71, leva alegria e melodia para a vida do grupo Seresteiros da Terceira Idade. “A aluna mais nova tem 54 anos e a mais velha 81. Dou aula aqui no Cenarte há 3 anos, muitos alunos saíram. Hoje, a turma é formada apenas por mulheres, 18 no total”, explica o professor.

 

“Tirei muita gente da depressão com essas aulas. Acho fantástico! Um dia, estava muito cansado e pensei em desistir, mas elas me pediram para ficar. Temos uma grande importância na vida um do outro. Um dos momentos mais esperados por mim e pelos alunos são as apresentações de fim de ano. É muito emocionante fazer parte disso!”.

 

Novas experiências também são vividas nas aulas de instrumento de sopro. “Frequento as aulas de sopro há 6 meses. Na verdade, já conhecia o professor há algum tempo, então comprei um sax e vim. Não tem coisa melhor que a música, né? Sem ela a vida não anda”, conta o aluno Paulo Roberto, de 50 anos.

A música também tem um papel importante na vida do aposentado José Douglas (67). “Frequento o Cenarte há muito tempo. Sempre gostei de todo tipo de instrumento e foi aqui que tive a oportunidade de aprender. Pra mim a música representa tudo. Ela muda a vida de muita gente, inclusive a minha. Participo das aulas de cavaquinho e percussão e pretendo, mais na frente, fazer a aula de instrumentos de sopro. Acho que não tem idade certa pra quem gostar de aprender. Precisamos nos arriscar em outros caminhos”.

 

É no teatro que muita gente também se encontra. “Há 6 anos faço teatro religioso e procurei esse curso para me capacitar mais. É sempre uma nova experiência fazer teatro e ele representa muita coisa na minha vida, principalmente a forma como eu o vejo. É o momento que a gente pode interagir com as pessoas e, muitas vezes, até ajudá-las em alguns problemas da vida. Quando eu consigo interpretar algo que ajuda, direta ou indiretamente outra pessoa, pra mim é um ponto bastante positivo”, explica o aluno Paulo Humberto.

 

Todos os anos, como forma de encerrar o ano letivo, a escola conta com espetáculos de dança, música e teatro, que abrilhantam os palcos dos teatros de Arena e Deodoro. Neste ano, nos dias 3, 15 e 16 de dezembro, os alunos do Cenarte apresentaram performances de balé, frevo, dança afro, expressão corporal, dança contemporânea, instrumento de corda e sopro.

 

Cenarte

 

O Cenarte foi criado com o intuito de promover arte e cultura para todos, fazendo valer acesso ao conhecimento artístico-cultural do nosso Estado. Desde seu início, ofertou cursos diversos nas áreas de música, dança, teatro e artes plásticas.

 

“Como diretora deste equipamento percebo a importância dos serviços que ele oferece para a comunidade. Dispomos de professores dedicados, que junto aos alunos fazem o Cenarte ser o que é. Sem dúvidas, aqui respiramos cultura”, diz a diretora do equipamento Ziza Vilhena.

 

O Centro sempre abre novas turmas para cursos e oficinas que são divulgadas no site www.cultura.al.gov.br, e fica localizado na Rua Pedro Monteiro, 108 – Centro e tem horário de funcionamento de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h.

 

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